Terapia Sexual: O Guia Definitivo para Homens e Mulheres que Querem Entender o Tratamento

Muitas vezes, a Terapia Sexual é a resposta necessária para quebrar um silêncio muito particular que habita o quarto de um casal — ou a mente de uma pessoa — quando a vida íntima não vai bem. 

Esse não é um silêncio de paz; é um ruído ensurdecedor de palavras não ditas, de frustrações acumuladas e de uma solidão que parece aumentar justamente quando se está acompanhado.

Como terapeuta sexual e psicólogo clínico, a minha rotina é ouvir o que esse silêncio esconde.

Eu vejo o homem que chega ao consultório com a postura rígida, carregando o peso do mundo. Para ele, a falha na ereção ou a rapidez da ejaculação não é apenas um evento biológico; é sentida como uma quebra na sua própria identidade. 

E, a partir daí, ele se torna um “espectador” de si mesmo na cama, vigiando o próprio corpo com uma ansiedade tão brutal que o prazer se torna impossível. Ele não precisa de uma pílula azul; ele precisa entender como sua mente sequestrou sua virilidade.

Eu também acolho a mulher que, muitas vezes, carrega uma culpa que não é dela. Ela ama o parceiro, valoriza a relação, mas o corpo parece ter “desligado”. O sexo se tornou uma obrigação, um item a ser riscado na lista de tarefas, ou pior: um momento de dor física e desconforto. Ela busca entender onde foi parar aquele desejo que um dia existiu, e se sente quebrada por não corresponder a um padrão inalcançável.

E vejo, com frequência cada vez maior, casais que se transformaram em excelentes sócios. Administram a casa, as finanças e os filhos com maestria, mas se tornaram estranhos na intimidade. O toque desapareceu, a química evaporou e a dúvida paira: “Será que ainda somos um casal ou apenas companheiros de quarto?”

Se você se reconheceu em qualquer fragmento destas histórias — seja na dor masculina, na angústia feminina ou no distanciamento do casal —, quero que saiba de algo fundamental: isso não é uma sentença perpétua.

A Terapia Sexual existe justamente para desmontar esses mecanismos. Ela não é um espaço para constrangimentos ou julgamentos morais, mas sim um campo de ciência comportamental aplicada. Hoje, com a facilidade da Terapia Online, essas barreiras geográficas e a vergonha de entrar em uma clínica física foram derrubadas, permitindo que o tratamento chegue a você com total sigilo e eficácia, onde quer que esteja.

Mas, claro, se preferir o atendimento presencial, ele também é possível. 

Este artigo não é apenas um texto informativo; é um convite à responsabilidade sobre a sua própria satisfação. 

Nas próximas linhas, vou guiá-lo(a) através dos bastidores do tratamento, desmistificando o processo para que você entenda exatamente como podemos transformar esse cenário de frustração em uma vida de intimidade plena e real.

Neste guia aprofundado, você vai ler:

  • O Que Realmente Acontece na Terapia Sexual?
  • Teste o Seu Funcionamento Sexual e Saiba se Chegou a Hora de Buscar aAjuda

  • Terapia Sexual Feminina: Principais Disfunções e o Resgate do Desejo e do Prazer

  • Terapia Sexual Para Homens (Disfunções mais frequentes e a relação além da performance mecânica)

  • Terapia Sexual para Casal (Reconstruindo a química perdida)

  • Formatos de Terapia Sexual, Online ou Presencial? (Entenda a eficácia das modalidades)

  • Perguntas Frequentes (FAQ)

Consultório padrão de um psicólogo e terapeuta sexual, com poltronas e mobiliário.

O Que Realmente Acontece na Terapia Sexual?

Quando um paciente chega aos consultórios do Inpa — ou inicia seu atendimento online — é comum perceber uma mistura de esperança e tensão extrema. Existe um mito cultural, reforçado por filmes e desinformação, de que a terapia sexual envolve algum tipo de interação física durante a consulta ou exposições constrangedoras.

Vamos esclarecer isso imediatamente, com a seriedade técnica que a sua saúde exige: A terapia sexual conduzida por psicólogos é, fundamentalmente, uma especialidade avançada da psicoterapia clínica.

O processo é pautado em ciência comportamental e neurociência. O objetivo não é apenas fazer o seu corpo “funcionar” mecanicamente, mas reestruturar a forma como o seu cérebro processa estímulos eróticos, removendo as travas da ansiedade que inibem a resposta natural do organismo.

Para isso, existe formação de vínculo (quebra da tensão inicial), reformulação de conceitos inadequados sobre sexualidade, proposta de exercícios para se fazer em casa a sós ou com cônjuge e técnicas variadas.

 Abaixo, detalho os cinco pilares que sustentam este tratamento.

A Regra de Ouro da Ética: Por que Não Existe Toque Físico no Consultório

A primeira barreira que precisamos derrubar é o medo do “toque”. Na terapia sexual regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia, não há exames físicos, não há inspeção visual, exame físico clínico ou toque entre terapeuta e paciente, e absolutamente não há nudez nas sessões.

O consultório (seja físico ou virtual) é um ambiente estritamente verbal e analítico. Enquanto o médico urologista ou ginecologista examina o seu corpo, o meu papel como psicólogo especialista é examinar a sua mente e a sua história e, com isso, propor intervenções com base em protocolos validados da terapia sexual.

O atendimento sempre se vale de um espaço seguro onde validamos a queixa e o relato do paciente sem julgamentos morais.

O Diagnóstico Diferencial: Separando o Aspecto Biológico do Cognitivo e Emocional

Uma das etapas mais críticas do início do tratamento é o diagnóstico diferencial. Muitas vezes, o paciente chega com uma queixa de Disfunção Erétil ou Vaginismo acreditando ser um problema puramente físico.

Eu costumo usar a analogia do computador: o médico cuida do “hardware” (hormônios, vascularização, nervos), enquanto nós. psicólogos, com a terapia sexual atualizamos e corrigimos o “software” (crenças, medos, condicionamentos). 

A literatura científica, particularmente publicações em The Journal of Sexual Medicine, demonstra que mesmo com causa orgânica inicial, fatores psicológicos agravam significativamente o quadro em praticamente todos os casos documentados. 

Esses fatores vão além do “medo de falhar novamente” e incluem ansiedade de desempenho sexual, ansiedade generalizada, depressão, e estresse relacional ou laboral. Pesquisas indicam que a ansiedade funciona como um ciclo vicioso: uma experiência inicial de disfunção erétil dispara medo de recorrência, aumentando a probabilidade de novos episódios. 

Por essa razão, a abordagem integrada com profissionais médicos é fundamental, pois pacientes refratários ao tratamento puramente somático frequentemente respondem a terapia integrada envolvendo profissionais de saúde mental.

A Reestruturação Cognitiva: Identificando os “Sabotadores” Mentais

Você já percebeu que, muitas vezes, o seu maior inimigo na cama é o seu próprio pensamento? Chamamos isso de “Ansiedade de Desempenho” ou “Expectação”. Durante o ato, em vez de sentir prazer, você se torna um espectador de si mesmo, vigiando suas reações: “Será que vai durar?”, “Será que ela está gostando?”, “Será que vai doer?”.

Na terapia sexual, utilizamos técnicas de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para identificar e desmontar esses pensamentos intrusivos. Esses “sabotadores” disparam adrenalina na corrente sanguínea — um hormônio que é biologicamente antagonista à excitação e à ereção. 

Ao tratar a ansiedade na raiz, devolvemos ao seu corpo a permissão para relaxar e responder aos estímulos.

A Técnica do Foco Sensorial (Sensate Focus): O Tratamento que Acontece na Sua Casa

Você pode se perguntar: “Só conversamos na sessão? E como o problema se resolve?”. A resposta à primeira pergunta é: -NÃO. A “conversa “de consultório, por si, envolve coleta de dados e mediação verbal contendo psicoeducação e técnicas. E a segunda pergunta pode ser respondida com o que chamamos de “Dever de Casa Terapêutico”.

São as técnicas propostas que vão cuidar de tratar a queixa relata numa primeira sessão. Como exemplo, detalharei uma dessas técnicas a seguir.

Baseado nos protocolos clássicos de Masters & Johnson e Helen Kaplan, uma prescrição é a de exercícios específicos do Foco Sensorial para você realizar na privacidade da sua casa (sozinho ou com cônjuge). 

Não se trata apenas de ir para casa e “tentar transar”, mas de exercícios estruturados de dessensibilização sistemática. 

Nessa, que é apenas uma das várias técnicas, oriento o casal a  praticar toques não eróticos para reduzir a pressão, evoluindo gradualmente. O objetivo, nesse caso, é “reprogramar” a associação que seu cérebro fez entre sexo e perigo/falha, transformando-a novamente em sexo e prazer.

Neuroplasticidade Sexual: Quanto Tempo Leva para o Cérebro “Reaprender” o Prazer?

Por fim, trabalhamos com a característica cerebral chamada neuroplasticidade. O seu cérebro aprendeu, por repetição, a responder ao sexo com ansiedade ou esquiva. A terapia sexual é o processo de criar novos caminhos neurais.

Não existe “cura mágica” em uma sessão, mas existe um processo lógico de evolução. Estudos indicam que a terapia comportamental breve focada em sexualidade costuma apresentar resultados sólidos em um período médio de 12 a 20 sessões, dependendo da complexidade e do engajamento do paciente. 

É um investimento de tempo curto para resolver um problema que, muitas vezes, o paciente carrega há anos em silêncio.

Teste o Seu Funcionamento Sexual e Saiba se Chegou a Hora de Buscar Ajuda

Para que você entenda a urgência (ou não) de buscar ajuda, eu trouxe abaixo uma adaptação de escalas simplificadas utilizadas em pesquisas clínicas globais. 

Instrução: Usando o bloco de notas do seu celular ou lápis e papel, responda honestamente e some os pontos de cada resposta. Ao final, verifique o que o somatório sugere. 

PARA ELES: Escala de Confiança Erétil (IIEF-5)

Instrução: Considere sua vida sexual nos últimos 6 meses. Responda e some os pontos.

1. Qual o seu nível de confiança de que conseguirá ter e manter uma ereção?

  • (1) Muito baixo

  • (2) Baixo

  • (3) Moderado

  • (4) Alto

  • (5) Muito alto

2. Quando você teve ereções com estimulação sexual, com que frequência elas foram rígidas o suficiente para a penetração?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre

3. Durante a relação sexual, com que frequência você conseguiu manter a ereção após ter penetrado sua parceira(o)?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre

4. Durante a relação sexual, quão difícil foi manter a ereção até o final?

  • (1) Extremamente difícil

  • (2) Muito difícil

  • (3) Difícil

  • (4) Pouco difícil

  • (5) Não foi difícil

5. Quando você tentou a relação sexual, com que frequência ela foi satisfatória para você?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre


RESULTADO MASCULINO (SOMA TOTAL):

  • 22 a 25 pontos: Função Erétil Normal.

  • 17 a 21 pontos: Disfunção Erétil Leve.

  • 12 a 16 pontos: Disfunção Erétil Leve a Moderada.

  • 8 a 11 pontos: Disfunção Erétil Moderada.

  • 5 a 7 pontos: Disfunção Erétil Severa.

Nota: Escores abaixo de 21 já indicam benefício clínico em buscar avaliação.


PARA ELAS: Escala de Satisfação Feminina (FSFI-6)

Abaixo, apresento a versão da escala  FSFI-6 (Female Sexual Function Index – Short Version), utilizada internacionalmente para rastreio rápido. Instrução: Responda mentalmente pensando nas últimas 4 semanas e some os pontos.

1. Com que frequência você sentiu desejo ou interesse sexual?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre

2. Qual foi o seu nível de excitação sexual durante a atividade?

  • (1) Muito baixo ou nenhum

  • (2) Baixo

  • (3) Moderado

  • (4) Alto

  • (5) Muito alto

3. Com que frequência você sentiu lubrificação (“ficar molhada”) durante a atividade sexual?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre

4. Com que frequência você atingiu o orgasmo (clímax)?

  • (1) Quase nunca ou nunca

  • (2) Poucas vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Na maioria das vezes

  • (5) Sempre ou quase sempre

5. Qual o seu nível de satisfação com sua capacidade de atingir o orgasmo?

  • (1) Muito insatisfeita

  • (2) Moderadamente insatisfeita

  • (3) Nem satisfeita nem insatisfeita

  • (4) Moderadamente satisfeita

  • (5) Muito satisfeita

6. Com que frequência você sentiu desconforto ou dor durante a penetração vaginal? (Atenção: A pontuação aqui é invertida – quanto mais dor, menor a nota)

  • (1) Sempre ou quase sempre (Muita dor)

  • (2) Na maioria das vezes

  • (3) Às vezes

  • (4) Poucas vezes

  • (5) Quase nunca ou nunca (Sem dor)


RESULTADO (SOMA TOTAL):

  • Pontuação Máxima Possível: 30 pontos.

  • Abaixo de 19 pontos: Alto risco de Disfunção Sexual. A literatura médica indica que scores inferiores a 19 sugerem fortemente a necessidade de avaliação clínica especializada.

  • Entre 19 e 26 pontos: Zona de atenção (possíveis dificuldades leves).

  • Acima de 26 pontos: Função sexual saudável.

Nota do Autor: Você notará que pedimos para os homens avaliarem os últimos 6 meses e para as mulheres, as últimas 4 semanas. Isso ocorre porque o diagnóstico masculino exige um padrão persistente de longo prazo, enquanto a saúde sexual feminina é avaliada considerando também o ciclo hormonal mensal. Este teste serve como triagem educativa e não substitui um diagnóstico médico ou psicológico formal.

Terapia Sexual Feminina: Principais Disfunções e o Resgate do Desejo e do Prazer

Se existe uma frase que ouço com frequência dolorosa de minhas pacientes mulheres, é: “Eu sinto que estou quebrada”. Muitas chegam à terapia sexual feminina carregando uma culpa imensa, acreditando que deveriam funcionar como um interruptor — liga e desliga — e se frustram quando seus corpos não correspondem a essa expectativa mecânica.

É fundamental que você entenda: a sexualidade feminina é biopsicossocial. Ela depende de hormônios, sim, mas depende imensamente do contexto, da segurança emocional e da qualidade do relacionamento. 

Quando tratamos disfunções femininas, não estamos apenas “consertando” um órgão; estamos resgatando a autonomia de uma mulher sobre o seu próprio prazer, libertando-a de conceitos equivocados, questões de autoestima e de roteiros sexuais que nunca priorizaram a sua satisfação.

Abaixo, detalho as três queixas clínicas mais comuns e como a ciência moderna as aborda.

A Falta de Vontade: Entendendo o Desejo Espontâneo vs. Responsivo (O Modelo de Basson)

A queixa número um nos consultórios é a falta de libido, tecnicamente chamada de Desejo Sexual Hipoativo. Muitas mulheres acreditam que têm um problema porque não sentem aquela vontade súbita e urgente de fazer sexo enquanto estão lavando a louça ou trabalhando.

Aqui, a terapia sexual traz uma libertação cognitiva baseada no modelo da pesquisadora Rosemary Basson. Ensinamos que existe o Desejo Espontâneo (aquela vontade que surge “do nada”, comum no início do namoro e nos homens devido à testosterona) e o Desejo Responsivo

A maioria das mulheres em relacionamentos longos opera no modo responsivo: o desejo não antecede o estímulo; ele nasce do estímulo.

Na terapia sexual, você aprende que não precisa “esperar ter vontade” para se engajar, mas precisa se colocar em um contexto onde a vontade possa florescer. 

Trabalhamos para tirar você do “ponto morto” e reativar a intimidade através de estímulos mentais e físicos adequados, removendo a culpa de não ser “pronta para uso” 24 horas por dia.

Quando o Corpo Trava: Vaginismo e Dispareunia (A Dor que a Mente Cria)

Não há nada que mate o desejo mais rápido do que a dor. Condições como a Dispareunia (dor durante a relação) e o Vaginismo (contração involuntária da musculatura vaginal que impede a penetração) são causas frequentes de sofrimento silencioso.

Muitas pacientes ouvem de parceiros ou até de profissionais desinformados que isso é “coisa da cabeça” ou “frescura”. Na terapia sexual, validamos essa dor como real. 

O Vaginismo, por exemplo, é uma reação fóbica do corpo: a mente percebe a penetração como uma ameaça e ordena que os músculos se fechem para proteger a mulher.

O tratamento não envolve forçar nada. Utilizamos técnicas de dessensibilização sistemática e, em alguns casos, o uso gradual de dilatadores vaginais (sempre sob controle total da paciente), combinados com o trabalho cognitivo para ressignificar a penetração. 

O objetivo é transformar a memória de dor em uma nova memória de segurança e prazer. Se o medo e a ansiedade são gatilhos para essa tensão muscular, tratar a ansiedade generalizada ou traumas passados é parte essencial do processo.

Anorgasmia: O Bloqueio do “Soltar o Controle”

Por fim, tratamos a dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo. Muitas mulheres conseguem chegar ao clímax sozinhas, mas travam no momento da relação sexual. Outras nunca experimentaram essa sensação.

Na terapia sexual feminina, entendemos que o orgasmo exige um “desligamento” do córtex pré-frontal — a parte do cérebro que planeja, julga e vigia. 

Muitas mulheres sofrem do que chamamos de spectatoring (expectação): durante o ato, em vez de sentirem, ficam se monitorando: “Demoro muito?”, “Estou fazendo a cara certa?”, “Minha barriga está dobrando?”.

O tratamento foca em “soltar o freio de mão”. Através de exercícios de autoconhecimento e mindfulness sexual, ajudamos a paciente a sair da cabeça e descer para o corpo, permitindo-se perder o controle de forma segura. O orgasmo é, acima de tudo, uma permissão que você se dá.

Terapia Sexual Para Homens: Disfunções Mais Frequentes e a Relação Além da Performance Mecânica

Consultório de terapia sexual para homens. Terapeuta e paciente homem se olham numa sessão..

Se para a mulher a sexualidade é muitas vezes difusa e contextual, para o homem ela costuma ser encarada como uma “prova” a ser vencida. No meu consultório, vejo diariamente homens bem-sucedidos desmoronarem diante de uma única questão: a falha na ereção ou a rapidez da ejaculação.

A terapia sexual para homens não é sobre ensinar “truques” de cama. É um processo clínico para desmontar a crença disfuncional de que o homem é uma máquina que precisa funcionar sob demanda, independentemente do cansaço, do estresse ou da qualidade da relação. 

Quando o homem entende que o seu pênis não é um robô, mas uma extensão do seu estado emocional, a cura começa.

Abaixo, explico como tratamos cientificamente as duas maiores queixas do universo masculino.

O Mecanismo da Ansiedade de Performance: Por que a Adrenalina é Inimiga da Ereção

O maior vilão da saúde sexual masculina tem nome: Ansiedade de Desempenho.

Biologicamente, para que uma ereção ocorra, seu corpo precisa estar sob o comando do sistema nervoso parassimpático (o sistema do relaxamento). No entanto, quando você vai para a cama preocupado — “Será que vai subir hoje?”, “Não posso falhar de novo” —, seu cérebro aciona o sistema simpático, liberando adrenalina e cortisol.

A adrenalina é um vasoconstritor potente. Ela retira o sangue das extremidades (incluindo o pênis) para enviá-lo aos músculos de fuga ou luta. 

Ou seja: quanto mais força você faz para ter uma ereção, biologicamente mais difícil se torna tê-la. Na terapia sexual, ensinamos técnicas cognitivas para quebrar esse ciclo de auto-observação, permitindo que a excitação flua sem que a mente tente “controlar” o processo incontrolável.

Para um aprofundamento maior sobre este tópico, sugiro que leia meu outro artigo Como Não Falhar na Hora H: O Guia Definitivo Para Vencer A Ansiedade De Desempenho

Ejaculação Precoce: O Condicionamento Rápido e a Reaprendizagem

A Ejaculação Precoce (EP) é a disfunção sexual mais comum entre homens jovens e adultos. Ao contrário do que muitos pensam, ela raramente é um problema físico, mas sim um condicionamento comportamental.

Muitos homens aprenderam a se masturbar de forma rápida na adolescência (por medo de serem pegos ou pressa), condicionando o cérebro a atingir o clímax no menor tempo possível. O corpo aprendeu esse caminho neural e o repete no sexo a dois.

O tratamento na terapia sexual envolve recondicionar esse reflexo. Utilizamos técnicas como o Stop-Start (parada e recomeço) e exercícios de identificação do “ponto de não retorno”. 

O objetivo não é apenas “durar mais”, mas devolver ao homem a percepção das sensações que antecedem o orgasmo, trocando a ansiedade de “terminar logo” pelo prazer de vivenciar o processo. 

Se você sente que a ansiedade domina outros aspectos da sua vida, tratar a ansiedade de forma ampla é crucial para o sucesso do tratamento sexual.

Disfunção Erétil Psicogênica: A Profecia Autorrealizável

A Disfunção Erétil (DE) psicológica opera como uma profecia autorrealizável. O homem falha uma vez (por álcool, cansaço ou acaso). Na vez seguinte, ele já vai para a relação com o “fantasma” daquela falha. O medo de falhar gera ansiedade, a ansiedade gera adrenalina, e a adrenalina impede a ereção. Pronto: o medo se concretizou.

É comum receber pacientes que já tomaram medicamentos estimulantes (como Viagra ou Cialis) e ainda assim falharam. Isso prova que o bloqueio não estava no fluxo sanguíneo, mas na mente que vetou o prazer. 

O trabalho da psicologia sexual aqui é retirar o peso da ereção como única fonte de validação masculina, explorando outras formas de intimidade até que a confiança retorne e a ereção volte a ser uma consequência natural do tesão, e não uma obrigação performática.

Por último, não se pode esquecer que existe um outro tipo de Disfunção Erétil Psicogênica, que é a PIED (Disfunção Erétil Induzida por Pornografia).

Terapia Sexual para Casal: Reconstruindo a Química Perdida

Imagem de casal feliz e conectado depois de ter procurado a terapia sexual para casal.

Muitos casais chegam ao meu consultório acreditando que o amor acabou, quando, na verdade, o que morreu foi apenas a erotização do vínculo. É o que chamo clinicamente de “Síndrome dos Sócios Perfeitos”: vocês administram a casa, as contas e a rotina das crianças com excelência, mas se tornaram estranhos na cama.

A terapia sexual para casal difere da terapia de casal tradicional. Enquanto a terapia de casal foca na comunicação e na resolução de conflitos do dia a dia, a terapia sexual foca especificamente no resgate da intimidade física e na reconexão dos corpos que se afastaram. A ciência nos mostra que o desejo não sobrevive apenas de amor; ele precisa de intencionalidade e cultivo.

Abaixo, exploro os três cenários mais comuns que tratamos em conjunto.

A Discrepância de Desejo: Quando Um Quer Muito e o Outro Quer Pouco

Esta é a queixa número um em relacionamentos de longa duração. Tecnicamente chamamos de Discrepância de Desejo Sexual (SDD). É a situação clássica onde um parceiro (o de alto desejo) se sente rejeitado e carente, enquanto o outro (o de baixo desejo) se sente pressionado e inadequado.

Na terapia sexual, desconstruímos a ideia de que existe um “vilão” e uma “vítima”. Entendemos que o desejo é flutuante. O objetivo não é forçar quem tem menos desejo a “subir de nível” artificialmente, mas sim encontrar uma “janela de negociação erótica”. 

Trabalhamos para identificar os “freios” (estresse, mágoas não resolvidas, rotina) que estão inibindo o parceiro com menor desejo e, simultaneamente, ensinamos o parceiro com maior desejo a buscar conexão de formas que não gerem pressão, quebrando o ciclo de perseguição-afastamento.

O Efeito “Companheiros de Quarto”: A Des-erotização da Rotina

A rotina é necessária para a segurança da família, mas é letal para o erotismo. Com o tempo, a familiaridade excessiva e a “parentalização” (ver o outro apenas como pai/mãe) matam o mistério necessário para o tesão.

Nesta etapa do tratamento, utilizamos protocolos para re-erotizar o vínculo. Isso envolve tirar o sexo do “piloto automático” (sempre no mesmo dia, na mesma posição, do mesmo jeito). Prescrevo exercícios para que o casal volte a se enxergar como indivíduos sexuais, e não apenas como gestores do lar. 

Isso pode incluir o restabelecimento de datas para a intimidade (sim, agendar sexo é uma estratégia clínica válida para quem tem vidas ocupadas) e a introdução de novidades sensoriais em um ambiente seguro, longe das distrações de telas e filhos.

A Traição e a Reconstrução: É Possível Ter Sexo Bom Após a Infidelidade?

Uma dúvida frequente e dolorosa: “A terapia sexual funciona depois de uma traição?”. A resposta clínica é sim, mas exige etapas. A infidelidade gera um trauma de apego. Antes de tocarmos nos corpos, precisamos curar a confiança.

Muitas vezes, a traição é o sintoma final de uma vida sexual que já estava morta ou disfuncional há anos (o que não deve servir de justificativa). Paradoxalmente, muitos casais relatam que, após o processo terapêutico de elaboração do trauma, a vida sexual se torna mais intensa e verdadeira do que era antes. 

Por quê? Porque as máscaras caíram. Na terapia, criamos um espaço seguro para que o casal possa falar sobre fantasias, medos e desejos que nunca tiveram coragem de compartilhar em anos de casamento, construindo uma “segunda relação” com o mesmo parceiro.

Terapia Sexual Online ou Presencial? O Que Funciona Melhor?

Com a evolução das tecnologias de saúde, uma dúvida tornou-se frequente entre meus pacientes: “A terapia sexual online tem a mesma eficácia da presencial?”.

A resposta curta, baseada em extensos estudos de Telepsicologia, é: Sim. A aliança terapêutica — a confiança estabelecida entre psicólogo e paciente — independe do meio físico. No entanto, a escolha entre uma e outra depende mais do seu estilo de vida e da sua necessidade de privacidade do que da qualidade técnica do profissional.

Abaixo, ajudo você a decidir qual modalidade se encaixa melhor no seu momento.

A Eficácia da Terapia Online: Quebrando Fronteiras

A modalidade online democratizou o acesso à saúde mental de alta performance. Hoje, atendo pacientes de diversos estados e, também, brasileiros no exterior que buscam a expertise de nossa equipe sem sair de casa.

A ciência explica por que funciona tão bem através do “Efeito de Desinibição Online”. Muitos pacientes sentem-se mais confortáveis para falar de tabus, fetiches ou vergonhas sexuais estando na proteção de seus próprios lares, mediados por uma tela. 

A barreira física, paradoxalmente, facilita a abertura emocional. Além disso, a terapia sexual online elimina o tempo de deslocamento e o risco de encontrar conhecidos na sala de espera, garantindo anonimato total. É a escolha ideal para quem tem rotina executiva apertada ou reside em cidades sem especialistas na área.

O Atendimento Presencial: A Segurança do Espaço Neutro

Por outro lado, existe um valor terapêutico insubstituível no “ritual” de ir ao consultório. Para muitos pacientes (especialmente casais), a casa é um ambiente de estresse, barulho, filhos e rotina. Fazer a terapia no mesmo sofá onde as brigas acontecem pode ser difícil.

O consultório presencial oferece o que chamamos de “Setting Terapêutico Blindado”. É um espaço neutro, acusticamente isolado e livre das interrupções domésticas. O ato de sair de casa e ir até a clínica serve como uma preparação mental: você se desconecta do mundo para focar exclusivamente em você.

Terapia Sexual em Brasília

Se você estiver em Brasília-DF ou nas proximidades, será um prazer te receber no consultório para um café com terapia.

No Inpa, temos um espaço totalmente pensado em você, que garante privacidade e conforto. Estamos situados na Asa Sul, num centro médico reconhecido. Centro Médico Julio Adnet e com estacionamento coberto para a sua segurança.

Agende o seu horário conosco

Nossos psicólogos estão prontos para atender você com excelência e no centro da cidade.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Meu parceiro(a) se recusa a ir à terapia. Posso fazer o tratamento sozinho(a)?

Absolutamente sim. Este é um dos mitos mais comuns. Embora a terapia sexual para casal seja excelente, a terapia sexual individual é extremamente eficaz. Lembre-se: uma relação é um sistema de engrenagens. Se você muda a sua engrenagem (sua atitude, sua resposta ao estímulo, sua ansiedade), a dinâmica da relação muda inevitavelmente. Muitas vezes, o parceiro resistente acaba se juntando ao processo depois de ver a evolução positiva de quem começou sozinho.

Não trabalhamos com convênios, e essa é uma escolha deliberada pela qualidade do seu tratamento. A terapia sexual de alta performance exige tempo, profundidade e uma personalização que o modelo de produção em massa dos convênios (sessões curtas de 30 minutos, alta rotatividade) não permite. Nosso compromisso é com a resolução do seu problema, não com o volume de atendimentos. Oferecemos um serviço de excelência, com sigilo absoluto e disponibilidade, para quem entende que a sua saúde íntima é um investimento prioritário, e não um custo. No entanto, fornecemos documentos fiscais para que você possa solicitar reembolso, caso o seu plano ofereça essa modalidade.

Não. Como psicólogos, não prescrevemos medicação; nós tratamos o comportamento e a emoção. Se a sua disfunção tiver uma causa puramente orgânica, encaminharemos você aos nossos médicos parceiros (urologistas ou ginecologistas) de confiança. O cenário ideal — e o mais comum no INPA — é o tratamento multidisciplinar: o médico ajusta a química (se necessário) e nós ajustamos a “cabeça”, garantindo que você não fique dependente da pílula para funcionar.

Não. A Terapia Sexual é uma modalidade de Psicoterapia Breve e Focal. Diferente da psicanálise clássica, que pode durar anos, nós trabalhamos com objetivos claros e metas definidas. Embora cada ser humano seja único, a média de tratamento para queixas sexuais específicas gira em torno de 12 a 20 sessões. Nosso objetivo é lhe dar alta e autonomia o mais rápido possível, não mantê-lo em terapia mais do que o necessário.

O consultório é, por definição, uma zona livre de julgamento moral. Nada do que você disser vai nos “chocar”. Como profissionais especialistas, ouvimos diariamente as mais diversas fantasias e segredos humanos. Nossa escuta é técnica e acolhedora. O sigilo é absoluto e garantido pelo Código de Ética Profissional. O que é falado na sessão, morre na sessão. A vergonha é, muitas vezes, o próprio sintoma que vamos tratar.

O Silêncio Não Resolve, a Ação Sim

Ao longo deste artigo, desconstruímos os mitos que cercam a Terapia Sexual. Você entendeu que a sua disfunção não é uma falha de caráter, mas um mecanismo comportamental e biológico que pode ser ajustado.

Vimos que a falta de desejo da mulher pode ser uma resposta ao contexto, que a falha de ereção do homem é muitas vezes sequestrada pela ansiedade, e que o casal que vive como “sócios” pode, sim, reencontrar a paixão.

Agora, eu, Fábio Caló, faço um chamado direto ao seu senso de responsabilidade:

A sua esposa, ou o seu marido, ou até mesmo a sua autoestima, estão pagando um preço alto por esse afastamento.

 Ignorar o problema não o fará desaparecer; o tempo, neste caso, apenas cronifica o silêncio e aprofunda a mágoa. Você já deu o passo mais difícil, que foi buscar informação e ler este texto até o final.

Não pare agora. Não espere o “momento perfeito” ou o milagre idealizado. A mudança real começa com um único agendamento.

Sou Fábio Caló, psicólogo clínico e Mestre pela UnB com 27 anos de prática baseada em evidências. Especialista em intervenções de alta complexidade para crises conjugais (Método Gottman) e tratamento do consumo problemático de pornografia, através de protocolo clínico próprio. Ajudo pacientes e casais a superarem padrões destrutivos com estratégias científicas e resultados mensuráveis.

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